Já nem dou como exemplo o sobressalto cívico na Turquia. Dou apenas o exemplo do Brasil: Esse país-irmão, no qual o governo brasileiro decidiu oferecer ao povo um Mundial de Futebol (2014) e uns Jogos Olímpicos (2016). Quanta bondade para esse povão imenso! Mas não, esse povão teria de pagar de alguma forma o investimento despendido na realização desses mega-eventos. Vai daí, entre outras medidas governamentais, um simples aumento dos transportes... Rolou o maior escambau! Revolta popular por esse imenso país-irmão afora. E com imensa razão. Não está apenas em causa o simples aumento das tarifas de transportes. Isso, foi apenas o rastilho para se soltarem as insatisfações, as injustiças, sobre coisas bem mais profundas e mal resolvidas. O ritmo está aí no ar, o governo brasileiro agora que dance ao ritmo do povo!
Nós por cá... Aguentamos o aumento dos transportes e dos combustíveis, aguentamos o corte/roubo dos subsídios, patrocinamos o reembolso dos esquemas das swap´s, patrocinamos a grande golpada que se chamou BPN, etc, etc... Bem poderíamos agarrar o ritmo brasileiro, e dançar o samba ou cantar o fado com o povão-irmão!
[info: Público]
4 comentários:
Portugal está virado do avesso e a malta não faz nada, mas somos os primeiros a incentivar revoluções nos países dos outros. E quem fala do Brasil fala da Turquia. Ou seja, somos uns valentões na casa dos outros. Porque na nossa vestimos o roupão e andamos de chinelos.
Duas semanas depois deste artigo ser publicado, Portugal viveu uma crise politica posteriormente resolvida pelos mesmos que a causaram. A crise conheceu o seu pico há dois dias. Quando se soube que o ministro irrevogavelmente demissionário, afinal já não se demite.
E o povo? O povo não tem reacção. Eu pessoalmente não consigo arranjar uma explicação. Mas por comparação ao que se sucede noutros países eu encontro uma diferença. As imagens dos protestos noutros países estão repletos de jovens. Numa manifestação em Portugal os velhos dominam. Enquanto os jovens não forem afectados não haverá manifestações a sério em Portugal. E isso só irá acontecer quando a dita reforma do Estado atingir os estudantes universitários.
Pedro,
andamos há demasiado tempo a tolerar os políticos e as suas atrocidades... isso é verdade.
Mas está errado quando diz que são os "velhos" que dominam as manif´s em Portugal. O que é para si um velho?
Dou-lhe o exemplo de uma manifestação em que estive presente e que foi brutal em termos de adesão (fica na história) em que 70 a 75 por cento dos manifestantes eram malta jovem.
Curiosamente, essa manif está a fazer um ano: 15 de Setembro!
Velhos são aqueles que por terem trabalho ou família, têm mais a perder do que a ganhar com as potências consequência de se envolverem em protestos violentos. Velhos são aqueles que pela idade ou estado de saúde não têm capacidades físicas que lhes permitam participar em protestos violentos. Velhos são aqueles pouco criativos nas formas de luta.
Eu estive no protesto de 15 de setembro. Foi o 1º e último. Lembro-me muito bem como foi. Foi um desfile que começou na praça Santana e acabou na praça de Espanha. Depois algumas pessoas decidiram espontaneamente dirigir-se para a assembleia da republica. Na altura esperei que houvesse uma invasão da escadaria, mas eram poucos e mal preparados aqueles dispostos a fazê-lo!
Desde o inicio da austeridade não houve nenhuma manifestação digna desse nome. Ou seja não houve nenhuma batalha campal!
Ser velho(para estas coisas) não está exclusivamente relacionado com a idade. Há muitos jovens de idade, que são velhos para participarem num protesto. Será melhor chamar-lhes inaptos!
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