sexta-feira, 29 de março de 2013

Acreditar em quem? E no quê?

Embuste. Um grande embuste foi a entrevista que José Sócrates deu na televisão, na passada quarta-feira. Uma entrevista que ultrapassou por pouco um monólogo, uma narrativa solitária (que até onde me foi possível suportar, me entupiu de sensações de déjà-vu) onde o "engenheiro" mentiu com ardil, foi mal-educado, arrogante, desprezível, sacudiu a água do capote em relação a responsabilidades que lhe são imputadas, atribuindo-as a qualquer um menos a ele. Concluindo: Sócrates não mudou nada. Continua o mesmo, talvez um pouco mais refinado nas esquivas e na astúcia e manha, possível fruto da sua estadia em Paris. Embuste, ou logro, é aquilo que eu sinto em relação a certos deputados do PS (aqueles que nos representam no Parlamento) que elevaram as suas vozes para elogiar e bajular a postura do ex-primeiro-ministro na referida entrevista. Mas não foram só eles. Outras vozes da vasta família socialista, alguns dinossauros até, classificaram-na de "brilhante". Em algumas opiniões no vastíssimo universo das redes sociais, li que Sócrates é a verdadeira oposição ao Governo. Será o grande partido da oposição uma solução de governação credível para um futuro próximo?...
Tudo isto é um bocado assustador... Ou anda mesmo tudo maluco, ou as pessoas têm mesmo a memória curta (e aí merecem aquela velha máxima: O povo tem os governantes que merece!).
Entretanto, do lado do Governo, a coisa é igual ou pior. Enquanto o Governo preso por arames, cai-não-cai, resiste dolorosamente hora após hora, e onde lentamente já se vai adoptando no discurso lamentoso e comatoso a hashtag #demissão, tudo fervilha à sua volta em desespero e angústia pela situação frágil e periclitante do Executivo, por verem os seus tachos e seus os privilégios escaparem-se-lhes pelo meio dos dedos das mãos. O desespero fá-los dizer tolices, evocar coisas absurdas. Todos eles presentem o princípio do fim. A bancada parlamentar do PSD, por exemplo, é um imenso animal acossado. Estão completamente mergulhados numa fase de desvairo absoluto.
E nós, o povo, estamos no meio desta guerra pelo poder, deste grande embuste repleto de narrativas desconexas e talvez algumas mistificações, em que nada de útil para o País e para a sociedade se constrói, apenas se destrói. Os políticos, de uma maneira geral, não inspiram confiança nem transmitem credibilidade. É tudo muito reles, muito baixo-nível. Dá a sensação, até pela história, que Portugal é cronicamente ingovernável. Sem princípios como a justiça e a democracia, realmente não é possível! Para onde é que nós caminhamos? Qual é o rumo? A direcção correcta?

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